O Príncipe Dom Luiz, Chefe da Casa Imperial do Brasil, convidado pelo Grupo Monarquista “Maneco Dionísio” de Avaré, escreveu uma mensagem como lembrança desta data em que se comemora a Independência do Brasil pelo seu tetravô, o Imperador Dom Pedro I.
A Pró Monarquia, o Secretariado da Casa Imperial do Brasil, publica abaixo a mensagem endereçada ao “Maneco Dionísio” como a mensagem oficial do Chefe da Casa Imperial aos Brasileiros nesta especial data, sob o título de “O papel da Monarquia no processo da Independência do Brasil”:
“A convite do Grupo Monarquista “Maneco Dionísio”, atuante nesta importante Estância Turística de Avaré, tenho o prazer de enviar esta mensagem sobre um tema do qual infelizmente os livros didáticos não tratam com a devida imparcialidade, qual seja, o da nossa Independência.
Quando D. João VI, em 1808, desembarcou no Brasil com a Família Real portuguesa, já vinha com o plano de formar aqui um grande Império: abriu os portos para as nações amigas, constituiu várias academias e escolas militares; em suma, criou no Brasil instituições políticas, administrativas, judiciais e militares necessárias para o desempenho de uma nação.
Em 1821 D. João VI foi forçado a voltar a Portugal, mas deixou o seguinte recado para seu filho, D. Pedro: “Pedro, mais cedo ou mais tarde o Brasil se tornará independente. Toma tu a coroa, antes que um aventureiro o faça”. D. Pedro, muito fogoso e atirado, seguiu o conselho do pai e, apesar de todas as pressões recebidas das Cortes revolucionárias portuguesas, não quis voltar a Portugal, e assim tivemos o famoso “Dia do Fico”.
Porém, em setembro de 1822 as pressões se tornaram tais que, ou o Brasil se tornava independente, ou voltaria não para o domínio da Coroa Portuguesa, mas das Cortes de Lisboa, que queriam esfacelar o país em várias Províncias.
Neste momento D. Pedro estava em São Paulo, em viagem de reconhecimento aos Estados do Sul, deixando no Rio de Janeiro como regente sua esposa, D. Leopoldina, uma princesa da Casa d’Áustria. D. Leopoldina, aconselhada por José Bonifácio e por outros Conselheiros de Estado, diante da situação assim criada, assinou o Decreto de Independência em 2 de setembro. Em seguida enviou uma carta a D. Pedro -- José Bonifácio mandou outra --, relatando os fatos e demonstrando que era imperioso proclamar-se a Independência. D. Pedro, passando pelo Córrego do Ipiranga, em São Paulo, voltando de Santos, recebeu as cartas, as leu, tirou o chapéu, arrancou dele as cores de Portugal, e proclamou: “A sorte está lançada, o Brasil está independente, não temos mais vínculos com Portugal. Independência ou Morte”.
Proclamada a Independência, D. Pedro voltou ao Rio num galope de três dias, uma façanha para a época. Mas, passando por Aparecida, parou para consagrar a Pátria recém-nascida a Nossa Senhora Aparecida. Daí o título de Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do Brasil, título ratificado bem mais tarde pela Santa Sé. Mas de fato desde 1822 o Brasil já estava consagrado a Nossa Senhora Aparecida.
Vemos o papel fundamental da regente D. Leopoldina em nossa Independência. Posteriormente atuou também junto à Corte de seu pai, Imperador da Áustria, para que houvesse o reconhecimento do Império do Brasil. Assumiu por completo a nacionalidade brasileira, exigindo de seu pai que, caso não reconhecesse o Brasil como Império independente, seria inimiga da Áustria, sua pátria de origem. D. Pedro, com o auxílio de D. Leopoldina, fez com que nossa Independência se tornasse completamente efetiva.
É preciso salientar: o Brasil, ao contrário de outras nações das Américas, não se tornou independente como um filho revoltoso contra o pai, mas, pelo contrário, como filho emancipado pelo pai. Aquele recado de D. João VI era uma carta de emancipação. A Independência se tornou de tal maneira amigável, que no tratado de reconhecimento da Independência D. João VI recebeu o título de Imperador D. João I do Brasil. E quando D. Pedro se tornou Imperador, recebeu o título de D. Pedro I. Digo isso para mostrar como tudo foi familiar, característica tipicamente nossa, no qual o temperamento cordato, bondoso e amante da paz dos brasileiros e portugueses fizeram com que nossa Independência se realizasse sem traumas nem guerras fratricidas. É uma das glórias de nossa Pátria, é uma glória do temperamento luso-brasileiro, lamentando infelizmente que no resto da América do Sul, do Centro e do Norte o mesmo não ocorreu.
A Monarquia com isso nos deu uma Independência inteiramente pacífica, e em 1824 a melhor Constituição já escrita, com apenas 179 artigos, vigorando até 1889 (65 anos, portanto). Comparem com o período republicano, no qual já tivemos sete Constituições, e já se fala numa oitava... A Monarquia é, portanto, um regime que permite mais estabilidade, planejamento de longo prazo e segurança aos cidadãos.
A todos, grandes comemorações nesta magna data!
Dom Luiz de Orleans e Bragança”